Osgood schlatter
A razão da elaboração deste artigo tem a ver com o facto de já ter contraído esta doença durante a minha adolescência. Tendo em conta que afeta muitos adolescentes praticantes de basquetebol, voleibol, ginástica, atletismo e futebol, é importante percebermos o que é esta doença assim como o seu respetivo tratamento.
O que é?
A doença de Osgood Schlatter é uma das causas mais comuns de dor no joelho em atletas adolescentes. O início coincide, na maioria dos casos, com surtos de crescimento na adolescência entre as idades de 10 a 15 anos para homens e de 10 a 14 anos para mulheres. A condição é mais comum nos homens e ocorre com mais frequência em atletas que pratiquem desportos que envolvem corrida e salto. Em adolescentes de 12 a 15 anos, a prevalência da doença de Osgood Schlatter é de 9,8% (11,4% em homens, 8,3% em mulheres). Quanto aos sintomas, estes manifestam-se bilateralmente em 20% a 30% dos pacientes.
O tendão patelar insere-se no tubérculo tibial e consiste em tecido cartilaginoso. Nas idades de 10 a 12 anos em mulheres e de 12 a 14 anos em homens, ocorre a ossificação do tubérculo tibial. É durante essa fase de maturação óssea que a doença de Osgood Schlatter se desenvolve. A tração repetida sobre o tubérculo, leva a ruturas microvasculares, fraturas e inflamação, que resulta então em inchaço, dor e sensibilidade.
Esta doença é uma lesão por uso excessivo. Ocorre secundariamente ao esforço repetitivo e ao microtrauma causado pela força aplicada pelo tendão patelar na sua inserção na apófise do tubérculo tibial. Essa força resulta em irritação e casos graves de avulsão parcial da apófise do tubérculo tibial. As consequências do microtrauma incluem pouca flexibilidade dos quadríceps e isquiotibiais assim como outras evidências de desalinhamento do mecanismo extensor.
Avaliação da doença
A doença de Osgood Schlatter é um diagnóstico clínico e a avaliação radiográfica geralmente não é necessária. As radiografias simples podem ser usadas para descartar diagnósticos adicionais, como fratura, infecção ou tumor ósseo, se a apresentação for grave. As radiografias clássicas da doença de Osgood-Schlatter incluem um tubérculo tibial elevado com edema de partes moles, fragmentação da apófise ou calcificação no tendão patelar distal.
Tratamento
Em última análise, é de destacar que a condição pode persistir até 2 anos, até a fusão da apófise. O tratamento inclui repouso relativo e modificação da atividade, de acordo com o nível de dor. Não há evidências que sugiram que o descanso acelera a recuperação, mas a restrição de atividades é eficaz na redução da dor. Os pacientes podem praticar desporto, desde que a dor desapareça com o repouso e não limite as atividades desportivas.
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A aplicação local de gelo pode ser usada para o alívio da dor, assim como uma joelheira protetora sobre o tubérculo tibial para proteger contra um trauma direto. O alongamento dos isquiotibiais e os exercícios de alongamento e fortalecimento dos quadríceps podem ser um complemento útil, no entanto, se a dor não responder às medidas conservadoras, a fisioterapia formal pode ser considerada!
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Em severos casos prolongados, um curto período de imobilização do joelho pode ser necessário. Não há evidências que recomendem intervenção cirúrgica para a doença de Osgood-Schlatter, os sintomas são geralmente autolimitados, com desaparecimento da dor após o fecho da apófise. As sequelas a longo prazo podem incluir um tubérculo tibial mais espesso, mas isso é assintomático na grande maioria dos casos.
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Em cerca de 10% dos pacientes, os sintomas podem continuar na idade adulta. Essa sequela de longo prazo ocorre quando o indivíduo não procura tratamento ou apresenta má adesão ao tratamento recomendado.